Passei os últimos dias a ouvir as palavras dos quarentões depressivos: David Berman (Silver Jews) - foto -, Bill Callahan (Smog) e Suart Staples (Tindersticks). É bom encontrar conforto nas palavras ditas por vozes bem mais sábias e experênciadas que a minha. Vinha, aliás, uma entrevista/artigo ao/sobre o Berman no Ípsilon desta semana. Contava como em 2004 tentou o suicídio e foi salvo pela mulher (porque é que os suicidas são sempre casados?). Falava ainda de como a mulher (baixista da banda) o convenceu a fazer uma tour depois da edição do álbum Tanglewood Numbers em 2005 - a primeira dos Jews em 14 anos de existência e depois de 5 álbuns editados - e como isso mudou este novo álbum. Diz ele que pensava encontrar tipos como ele, ou versões femininas dele, e em vez disso encontrou "miúdos novos, muito novos mesmo". E é aqui que quero chegar: ele encontrou pessoas como eu. Assim, o novo álbum foi feito a pensar neles (nós). Diz ele: "São os futuros revolvedores de problemas - são os nossos soldadinhos de chumbo e eu estou a fazer de conta que sou o sargento." Mais à frente uma bela observação do João Bonifácio: "A preocupação com "os miúdos" é outra coisa: um meio para olhar para trás, para perceber que o passado nunca se foi embora, para alterar o que pode ser alterado". Parece-me uma observação bastante pertinente e interessante. Mas o que realmente interessa é que, estejam eles olhar para o passado ou para o presente, as palavras e vozes pesadas de qualquer um deles os 3, confortam-me.
E, hoje à noite, ver a vida de outro quarentão semi-depressivo na série Californication também vai ser bem bom.
9 comentários:
E volto a dizer que me apeteceu abraçar David Berman e ser o João Bonifácio, pela 453628 vez.
E eu quero ser uma versão dele. Ainda não sei é se com o suicídio à mistura (sadismo tsiii).
E louvores se rendam a essa senhora que tanto nos encanta no Suffering Jukebox qual Ms Tennesse.
Como tenho pouca vergonha, e provavelmente estou fora do meu habitat musical, vou ser sincera: não faço ideia de quem esses senhores sejam. Contudo, o que tem profundidade tem mérito, e por isso disponho-me a aprofundar o assunto :)
Posso tentar responder à pergunta: Provavelmente não são só os casados os suicidas, mas infelizmente esses são os únicos (ou dos poucos) a quem assiste a possibilidade de serem salvos - e por isso vivem para contar a história. Depois há os que se salvam por milagre, mas isso é outra história.
Um post sem um LOL nem parecia meu lol
sacrilégio: ouvi silver jews e não gostei muito.
posto isto, se te sabe bem, se te conforta, ouve. o meu preferido dos que disseste é o bill callahan.
tb vou ver se vejo hoje o californication.
o que eu dava para ser amigo do berman, deve ser um gajo mesmo fixe.
mas olha que são os 3 enormes. quanto aos suicídios, os 3 casos que me lembrei enquanto escrevia o post: este gajo, o ian curtis e o kurt cobain eram todos casados. estranho.
eu também não gostava, o meu irmão ouvia-os e eu dizia que aquilo era mau. depois comecei a apaixonar-me pelas letras, aquelas frases. é como o berman diz numa delas: "I know that a lot of what i say has been lifted off of men's room walls". Fazes bem, ainda que apanhar uma série a meio nunca seja tão bom.
pode ser porque os sozinhos ainda têm uma réstia de esperança no amor como forma de salvação para o estado em que se encontram
ainda esperam encontrar uma gaja ou um gajo, mesmo que não admitam ou que a probabilidade disso acontecer seja ínfima
os casados se calhar apercebem-se que também não foi numa gaja ou num gajo que encontraram a salvação e um motivo para querer viver
isto é especulação
cada caso é um caso e isso deve ser só coincidência
isso dos gajos casados
é uma boa teoria, sim. poderia ter sido dita pela doutora teresa.
se eu soubesse disso antes
carina sónia? hahahaha, o melhor até agora.
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