quinta-feira, novembro 29, 2007

The Beatles

Não me lembro se já fiz algum post sobre os Beatles. É imperdoável, se não fiz, e impensável, que não tenha feito.

Os Beatles foram 'só' a banda mais importante e influente da história da música. Devo confessar que cheguei a eles já tarde. Comecei por perceber que a ideia que tinha deles era totalmente errada quando o Kurt Cobain dizia ser fã deles. O meu ídolo, era fã daqueles parvos? Se calhar não eram parvos. A ironia era que o parvo era eu. Mas eu nem saberia o significado da palavra ironia, nessa altura. Mudava que estava a minha mentalidade faltava agora dar o salto e pegar num álbum deles e começar a ouvir. Um dos maiores impulsos veio do meu professor de Cambridge, o mesmo que me fez ouvir Smiths, que volta e meia, lembrava-se de os referir e/ou cantarolar uma das suas músicas. Mas, tal como nos Smiths, o facto de o meu irmão já os ouvir foi essencial, tinha acesso fácil ao trabalho das bandas e não havia desculpas de preguiça. Lembro-me até de ouvir uma vez o Sgt. Peppers e o Revolver enquanto o meu irmão os ouvia e só ter achado engraçado mas, ainda assim, ter percebido que havia ali qualquer coisa. Adiante. Peguei então no red album ou album vermelho ou 1962-1966, como preferirem. Foi amor à primeira audição. O único senão era que implicava, e implico, com a Drive My Car e com a Yellow Submarine. Mas como não gostar de um álbum que tem a Yesterday, a Please Please Me, a All My Loving, a You've Got To Hide Your Love Away ou a In My Life, tirando todas as outras. O passo seguinte podia ter tomado várias direcções, todos os álbuns são clássicos. Acabei por introduzir o Rubber Soul (1965), que acabava por não constituir uma grande novidade visto que a maior parte das músicas estava incluída na compilação vermelha, e o blue album, que incluía a restante carreira dos Beatles, 1966-1970. Agora sim, começava a tomar verdadeiro conhecimento do que ali estava. Ainda que a minha mentalidade estivesse mudada, estava longe de perceber o grau de experimentação que eles incluíam nos seus álbuns. Havia ali de tudo e tudo era diferente do que estava para trás de 1966. Depois disso parti para o Revolver (1966) e o Sgt. Peppers (1967), dois clássicos. E, mais tarde, os restantes álbuns destes senhores. Posso agora dizer que o que mais me impressiona é a qualidade e quantidade, no fundo, a facilidade, com que eles faziam música que satisfazia tanto o público em geral, de todas as gerações, como os críticos. Nenhuma outra banda conseguiu fazer isto.

Vou deixar aqui três vídeos deles. Peço desde já desculpa ao Harrisson por não ter incluído nenhuma das músicas dele mas a Here Comes the Sun e a Something são das minhas preferidas. Estas três não são necessariamente as minhas músicas preferidas deles mas adoro-as:

You've Got To Hide Your Love Away


Hey Jude


Revolution

terça-feira, novembro 27, 2007

Parte II

Tiptoe down
To the holy places
Where you going now
Don't turn around

Little girls
In their party dresses
Didn't like
Anything there

Pretty boys
With their sunshine faces
Carrying their
Heads down

Tiptoe down
To the lonely places
Where you going now
Don't turn around


My Bloody Valentine - Loomer

segunda-feira, novembro 26, 2007

Gato Fedorento, Pet Sounds, Certezas e Morrissey

Hoje de manhã estive a ver os videos do programa do Gato Fedorento de ontem, já que ontem estava no hospital e não pude ver. Isto claro, fez-me ficar mais bem disposto mas teve outra particularidade mais importante: fez-me ir buscar o Pet Sounds (cd do qual sou possuidor de uma das melhores edições esta) já que num dos scketches aparece a fantástica 'Wouldn't It Be Nice'. Já vi escrito há muito tempo, aliás, que um deles é um grande fã do álbum, ou é o Zé Diogo Quintela ou o Miguel Góis, não me recordo. Assim, hoje foi um dia bastante bem passado.

Mais importante ainda, quando vinha agora à noite na rua vinha com aquela sensação de certeza naquilo que sinto, faço e tenho a fazer, o que me deixa bastante calmo, que é o mais importante.

É para representar isto que vos deixo um pouco da magnífica Alma Matters (no princípio do vídeo o Morrissey até brinca com um gatito, o que torna a coisa querida) que acaba por referir um pouco esse sentimento de certeza:

So the life I have made
May seem wrong to you
But, I've never been surer
It's my life to ruin
My own way


A frase I've never been surer é daquelas frases que sabe mesmo bem dizer com um sorriso nos lábios.

sexta-feira, novembro 23, 2007

Gastroenterite

Edit: Os ovos só aparecem na imagem porque são os principais suspeitos. Longe de mim querer desrespeitar a presunção de inocência.

terça-feira, novembro 20, 2007

Bob Dylan e Johnny Cash

No álbum The Freewheelin' Bob Dylan insandwichada entre duas músicas de protesto "Blowin' in the Wind" e "Masters of War" aparece esta "Girl from the North Country". Mais tarde é repescada para o álbum Nashville Skyline num dueto com Johnny Cash. Esta versão apresenta um arranjo bastante diferente e, enquanto que na sua versão original parece haver dor na voz do mestre Dylan, nesta versão parece haver 'apenas' saudade. Para além disso, a belíssima estrofe «I'm a-wonderin' if she remembers me at all. / Many times I've often prayed / In the darkness of my night, / In the brightness of my day» não é cantada nesta versão. Talvez, para dar o tal efeito de uma saudade ligeira, passageira. Apenas esta música foi editada em álbum vinda das sessões que decorreram em Fevereiro de 1969 mas muitas mais foram as músicas gravadas (podem, inclusivé, ser encontradas num álbum que as compila). E não disse isto tudo só para mostrar conhecimento, disse-vos isto tudo para vos introduzir o vídeo que se segue, Bob Dylan e Johnny Cash em "Girl from the North Country", no programa do próprio Johnny Cash:

domingo, novembro 18, 2007

I Won't Share You

Diz-se que Stephen Street, produtor do quarto e último álbum dos Smiths, 'Strangeways, Here We Come', chorou a primeira vez que ouviu a música "I Won't Share You". E compreende-se perfeitamente que o tenha feito. Esta música é a prova de que a simplicidade é muitas vezes a melhor opção.

sábado, novembro 17, 2007

Explicação

Quando fiz três dos últimos quatro posts reparei que tinham uma estrutura muito à Estado Civil. Mas não me preocupei muito com isso. Suponho que seja normal isso acontecer de vez em quando. O blog do Pedro Mexia é o melhor blog que conheço e, por isso, a minha maior influência bloguer. Mas estou longe de me querer comparar ao Sr. Mexia.

Vou fazer os possíveis para que não volte a acontecer uma cópia tão descarada.

sexta-feira, novembro 16, 2007

Indecisões (2)

O que não quer dizer que não consiga ver as coisas com uma clareza desconcertante.

quinta-feira, novembro 15, 2007

Indecisões

«És a pessoa mais indecisa que conheço.»

E foi num jogo de cartas.

Teachers

Who is it whom I address,
who takes down what I confess?
Are you the teachers of my heart?
We teach old hearts to rest.

Oh teachers are my lessons done?
I cannot do another one.
They laughed and laughed and said,
Well child, are your lessons done?
are your lessons done?
are your lessons done?

quarta-feira, novembro 14, 2007

Horóscopo

«Situações não resolvidas da sua vida passada podem surgir agora para serem solucionadas.»

O que o Sr. Paulo Cardoso não sabe é que a minha vida é, toda ela, uma situação não resolvida.

terça-feira, novembro 13, 2007

Forlorn hope

Depois de ter dito, no post anterior, que o melhor álbum de 2006 era o 'Ringleader of the Tormentors' decidi ir ver o que tinha dito em janeiro sobre os melhores álbuns desse ano (aqui) para ver se não me estava a contradizer e deparei-me com isto:

É com alegria que vejo 2006 acabar. É verdade, 2006 foi um ano mau, começou muito mal e acabou mal. Lá para o meio foi médio fraco. Mas 2007 correrá melhor, com certeza. Primeiro, porque é difícil ser pior. Segundo, porque tenho a certeza que será melhor.

A minha primeira reacção foi soltar uma gargalhada. De certa forma tem piada. Depois lembrei-me, por ter haver com esperanças vãs, de um dos poucos excertos do Livro do Desassossego, que me lembrei de retirar da estante recentemente pela sua refência aqui, que tenho na memória. Se eu tivesse o génio de Pessoa em mim, escreveria qualquer coisa muito parecida com isto:

«Tenho assistido, incógnito, ao desfalecimento gradual da minha vida, ao soçobro lento de tudo quanto quis ser. Posso dizer, com aquela verdade que não precisa de flores para se saber que está morta, que não há coisa que eu tenha querido, ou em que tenha posto, um momento que fosse, o sonho só desse momento, que se me não tenha desfeito debaixo das janelas como pó parecendo pedra caído de um vaso de andar alto. Parece, até, que o Destino tem sempre procurado, primeiro, fazer-me amar ou querer aquilo que ele mesmo tinha disposto para que no dia seguinte eu visse que não tinha ou teria.

Espectador irónico de mim mesmo, nunca, porém, desanimei de assistir à vida. E, desde que sei, hoje, por antecipação de cada vaga esperança que ela há-de ser desiludida, sofro o gozo especial de gozar já a desilusão com a esperança, como um amargo com doce que torna o doce doce contra o amargo. Sou um estratégico sombrio, que, tendo perdido todas as batalhas, traça já, no papel dos seus planos, gozando-lhe o esquema, os pormenores da sua retirada fatal, na véspera de cada sua nova batalha.

Tem-me perseguido, como um ente maligno, o destino de não poder desejar sem saber que terei que não ter. Se um momento vejo na rua um vulto núbil de rapariga, e, indiferentemente que seja, tenho um momento de supor o que seria se ele fosse meu, é sempre certo que, a dez passos do meu sonho, aquela rapariga encontra o homem que vejo que é o marido ou o amante. Um romântico faria disto uma tragédia; um estranho sentiria isto como uma comédia: eu, porém, misturo as duas coisas, pois sou romântico em mim e estranho a mim, e viro a página para outra ironia.
»

segunda-feira, novembro 12, 2007

Melhor música de 2006

Disse, no outro post, que a 'The Past Is A Grotesque Animal' é a melhor música deste ano por isso achei que valia a pena recordar qual foi a melhor música do ano passado, retirada do melhor álbum do ano passado (não se assustem com o distúrbio inicial do vídeo, o vídeo está óptimo):



Will you follow and know
Know me more than you do
Track me down
And try to win me?

domingo, novembro 11, 2007

Clássico


Há um ano, numa aula teórica de matemática, foi me sugerido que eu ouvisse este álbum. O problema é que há sempre coisas para ouvir. Coisas essenciais, como é o caso de Nick Cave (para uma pessoa com um gosto musical como o meu). Não basta conhecer duas ou três músicas para estes artistas, é preciso ouvir muito mais que isso para perceber o culto que se gera à volta deles. Mas eu não vou lá por sugestões, tenho de me sentir curioso por esse culto e/ou pelo cantor.

No outro dia o meu irmão dizia: «mesmo que hoje parassem de fazer álbuns, não conseguía ouvir nem metade daquilo que já foi feito até hoje». E é verdade, por mais que vá colmatando algumas das falhas que o meu gosto musical possui, há sempre clássicos por ouvir. Que, na maior parte dos casos, não são clássicos por acaso. Suponho que seja essa a beleza da música enquanto indústria, tem tanta coisa para nos oferecer que não paramos de procurar coisas novas.

E assim, ainda que tenha demorado algum tempo a chegar a este belíssimo álbum, mais uma das minhas falhas está colmatada e, até certo ponto, o culto está compreendido. Assim que este tiver este completamente digerido, já tenho o 'From Her to Eternity' para ouvir.

sábado, novembro 10, 2007

of Montreal

Ao ouvir o álbum deste ano dos 'of Montreal', que já não ouvia há algum tempo, percebo três coisas:

1- Os of Montreal são a melhor banda da actualidade;

2- O concerto que eles deram no fantástico dia 5 do Sudoeste foi o melhor concerto a que já assisti em toda a minha vida;

3- A 'The Past Is A Grotesque Animal' é a melhor música do ano. Talvez do século. É, seguramente, a melhor música com mais de 10 minutos de sempre;

quinta-feira, novembro 08, 2007

The Smiths - Handsome Devil


THEIR THIRD LIVE PERFORMANCE RECORDED ON THE NEW BANDS SHOWCASE NIGHT AT THE HACIENDA CLUB, MANCHESTER ON THE FOURTH OF FEBRUARY, NINETEEN EITHY THREE

É com alguma emoção que vos escrevo. Hoje comprei o single 'Handsome Devil' dos Smiths em vinil (novo) por 15 euros na Carbono. Peço desculpa de a imagens não estarem completas mas o vinil não cabia todo no scanner e não existem imagens disto no google. É um misto de single e bootleg. As músicas foram gravadas em 1983 e são ao vivo com uma setlist constituida por algumas músicas do primeiro álbum e músicas que mais tarde viriam a ser editadas como/em singles:

Lado A
1. These Things Take Time
2. What Difference Does It Make?
3. The Hand That Rocks The Cradle
4. Handsome Devil

Lado B
1. Jeane
2. What Do You See In Him?
3. Hand In Glove
4. Miserable Lie

Conheço algumas raridades dos Smiths, se é que se pode chamar raridades à 'Wonderful Woman' e à 'Work Is A Four-Letter Word', mas não conhecia esta 'What Do You See In Him?', a explicação veio ao ouvir a música. É "apenas" uma versão muito primária da 'Wonderful Woman'. Basicamente, só a letra é que é totalmente diferente. Outra nota que eu gostava de deixar aqui é o facto de ter a 'The Hand That Rocks The Cradle' que tem sido uma das minhas músicas favoritas desde há uns tempos a esta parte. É talvez a minha música preferida de sempre agora (há muito pouco exagero nesta afirmação). Ainda que aqui esteja um pouco descaracterizada do ambiente que podemos encontrar na versão do primeiro álbum, é ela a razão para a capa (para quem não sabe Cradle é berço). É uma das poucas músicas dos Smiths que não é assumidamente Pop e, talvez por isso, foi das últimas a tocar-me. Mas já me toca, principalmente hoje.

There's sadness in your beautiful eyes
Oh, your untouched, unsoiled, wonderous eyes
My life down I shall lie
Should restless spirits try
To play tricks on your sacred mind
(...)
So rattle my bones all over the stones
I'm only a beggar-man whom nobody owns
Oh, see how words as old as sin
Fit me like a glove
I'm here and here I'll stay
Together we lie, together we pray
There never need be longing in your eyes
As long as the hand that rocks the cradle is mine

Gostava de ter tudo o que há para ter dos Smiths em vinil. Por um lado porque os Smiths foram a última banda de singles, no sentido dos editar os singles com o cuidado que eles merecem, e não lançar só videoclips, e porque têm sempre capas lindíssimas e/ou provocadoras, como é o caso desta ( a fazer lembrar a capa do álbum 'Green Mind' dos Dinossaur Jr.). E, claro, no vinil, a capa tem um papel muito mais importante do que alguma vez terá no cd.

quarta-feira, novembro 07, 2007

Desculpa lá, Rufus


Duvidei das capacidades deste senhor e ontem levei com um concerto magistral em cima.

A hora prevista para a abertura das posta era 20.15 mas às 20.10 já elas estavam abertas. Comprei o bilhete e entrei. Às 20.20 já a banda de abertura tocava para um coliseu completamente vazio (cerca de 40/50 pessoas).
Hora prevista para o concerto começar: 21.15. Hora a que o concerto começa 21.17. Muitas pessoas perderam várias músicas por essa razão. Provavelmente, muitas delas, porque estavam a ver o Benfica. Bem feito.
Posto isto, o concerto. E que melhor maneira de definir o concerto que não: um concerto à Rufus? Foi de facto um concerto à Rufus. Com isto quero dizer que, para além do óbvio, houve direito a muitas histórias, muitas piadas e muitos momentos de rara beleza (principalmente quando sozinho). Muito parecido com o concerto que tinha dado há um ano e meio mas melhor em todos os aspectos. Momentos altos da noite foram, para mim, a "Cigarettes and Chocolate Milk" que suou incrivelmente nova, as músicas dos Wants (principalmente, a 14th Street), quando ele cantou sem microfone (que confirmou todo o potencial da sua voz) apoiado apenas pelos instrumentos de sopro, os duetos com a mãe e a "Get Happy" com toda a banda a fazer coreografia. Só faltou a "Go or Go Ahead" para ser ainda melhor.

Os rasgados elogios ao concerto são gerais.

segunda-feira, novembro 05, 2007

Rufus Wainwright @ Coliseu

É amanhã. É a terceira vez que o vou ver. Da primeira vez, a 13 de Novembro de 2004 na Aula Magna, ele estava sozinho. Fui por pura curiosidade e sem grandes expectativas. Saí maravilhado. Na segunda, a 24 de Abril de 2005, já eu tinha grandes expectativas (ia como fã) e já ele tinha uma banda a apoia-lo. Entre eles Joan as Police Woman que, para além disso, abriu o concerto e Matt Johnson, baterista num dos melhores álbuns de sempre, estou a falar, claro, do álbum Grace do Jeff Buckley. Tive, no entanto, uma pequena desilusão. As expectativas eram altíssimas e esperava um tipo de concerto mais intimista, que com banda não é possível. Agora, as expectativas estão relativamente baixas. Ainda assim, ele merece que eu o vá ver. O concerto da Aula Magna levou-me a ouvir coisas bem diferentes do que ouvia antes. Foi muito importante para mim, nesse sentido. Por isso, lá estarei, ainda que tenha más memórias de concertos a que fui sozinho, a dar-lhe a oportunidade de me voltar a conquistar (é engraçado que por ele ser gay, este tipo de frases soa um pouco estranho).

Post-Scriptum: O gajo é uma pessoa com imensa piada e cheia de histórias por isso haverá, com certeza, um ambiente alegre na sala.

domingo, novembro 04, 2007