sábado, dezembro 22, 2007

António Lobo Antunes

Primeiro que tudo, dizer que nunca li um livro dele. Acho que me interessa mais a pessoa que a obra. Não me parece que se lesse um dos seus livros ia gostar mas no entanto acho que fala da sua vida de uma forma interessantíssima. Lembrei-me de falar dele porque hoje à noite ele deu uma entrevista fantástica no noticiário das 21h da Sic Notícias, com o Mário Crespo. O Mário Crespo é, já de si, um grande entrevistador. Não faz as perguntas mais óbvias e, mesmo se as fizer, são feitas de uma forma aberta, que permite ao entrevistador falar sobre o assunto e, ao mesmo tempo, que não possa fugir à pergunta de uma forma rápida. Falou-se pouco sobre o último livro e muito de coisas pessoais.

Mas esta não é a primeira vez que fico fascinado com uma entrevista do ALA. Há tempos ele deu uma entrevista à revista Visão (revista em que ele é colaborador, mas já lá iremos), aquando do lançamento deste mesmo último livro: O Meu Nome é Legião. Mas não se ficaram por aí, sendo aquela a primeira entrevista que dava desde que tinha tido o cancro, esse acabou por ser um dos principais temas. A angústia sentida no hospital, as mudanças que aquela experiência provocou e o reaprender a escrever, por exemplo. Devo confessar que aquela entrevista me impressionou bastante, principalmente porque tinha lido, em Abril, a fabulosa crónica que ele escreveu na revista sobre o que estava a passar no hospital. Esse, aliás, foi certamente o texto que mais me impressionou e mais me comoveu em toda a minha vida. Aqui fica um pequeno excerto desse mesmo texto que encontrei na Wikipédia:

«(...) Este mês deram-me um prémio literário. (...) e sem que eles sonhassem (sonhava eu) o cancro ratando, ratando, injusto, teimoso, cego.»
António Lobo Antunes in Revista Visão de 12 de Abril de 2007

Para além destes meus 3 encontros com ALA, tenho ainda de referir que foi graças a ele que descobri as últimas linhas dos 11 Outlined Epitaphs do Bob Dylan (que aliás já postei aqui). Está no prefácio de um dos seus livros. E como nunca é demais referir:

«Lonely? ah yes
but it is the flowers and the mirrors
of flowers that now meet my
loneliness
and mine shall be a strong loneliness
dissolving deep
to the depths of my freedom
and that, then, shall
remain my song
»

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