domingo, julho 20, 2008

Leonard Cohen @ Passeio Maritimo de Algés

Bom, depois do silêncio de ontem à noite sinto-me já capaz de falar. E não, não foi bem o concerto que me deixou sem palavras. Nem, como sugerido pela MJ, a presença do Mexia 2 metros atrás de mim.
Sobre este concerto, iluminado por uma lua cheia, há muito a dizer. A voz do Cohen estava fantástica. Aliás, o Cohen esteve fantástico a todos os níveis. Para além da voz, estava bem disposto e ficava visivelmente feliz com as prolongadas palmas - ainda que a razão do seu regresso aos palcos não tenha sido a melhor, pareceu estar feliz com este regresso. Quando saía do palco, ía aos saltinhos. Dançava, sorria, ria-se, tudo. Pena foi que o seu altruismo seja tal que deu demasiado protagonismo aos outros músicos, concedendo-lhes a todos eles solos e apresentando cada um umas 5 vezes (se não mais). O concerto com isto perdeu ritmo e, consequentemente, intensidade. Foi esse lado instrumental que fez com que o concerto não fosse perfeito. O caso mais chocante foram os arranjos na "Bird On A Wire" que estavam pavorosos. Mas as palavras estiveram sempre lá - faltou a "Famous Blue Raincoat" - ainda por cima com a voz perfeita de um Cohen em plena forma, o que acabou por mascarar os exageros dos outros músicos. O público bateu muitas palmas, não eram só as músicas que estavam a ser aplaudidas, as palmas eram também uma forma de agradecimento pelos 40 anos de carreira.
Na música "Halellujah" senti um arrepio e vieram-me as lágrimas aos olhos. Um pouco à minha frente um senhor com 30 anos chorava. Mais à frente um senhor de 50 e tal levava as mãos à cabeça. Do outro lado um senhor com os seus 70 anos, comandava uma orquestra imaginária. Foi um dos momentos da noite. Na "First We Take Manhattan" todo o público gritava as palavras "then we take Berlin". A concorrer com estas duas para melhor música do concerto esteve, claro, a "I'm Your Man". Se a estas juntarmos a "Dance Me to the End of Love" que abriu o concerto, penso que é estranho que nenhuma das melhores músicas de ontem venha do período que mais gosto do Cohen, ou seja, dos primeiros 4 álbuns. A explicação são, nalguns casos, os arranjos. Noutros, o lado mais intimista dessas músicas que ali, ao ar livre e para milhares de pessoas, parecem um pouco deslocadas. Noutros ainda, talvez o facto da voz do Cohen não ter a agilidade que tinha. Mas por serem o que são músicas como "Suzanne" e "Hey, That's No Way To Say Goodbye" ainda me fizeram feliz.
O concerto teve quase 3 horas, o que se explica pelo facto de ter tido intervalo e com os solos e apresentações de todos os músicos mais de 5 vezes cada um, mas também por ter passado por quase todos os álbuns até agora editados. Inexplicavelmente, faltou e tem faltado sempre nesta tour, pelo menos uma música do Songs of Love and Hate. Ainda assim, daria ao concerto um 9 em 10. Ao Cohen um 10 em 10.

5 comentários:

Maria disse...

O Halellujah é por si só um tema já repleto de mística, e cantado por esse Senhor, há de ser sim de arrepiar. Acho que se lá estivesse também ficaria com um brilhozinho e pensaria em como o Jeff ficaria ali bem num dueto.

E 3h é obra. Que é que faltou então?

Francisco disse...

Não chegou às 3 horas, foi tipo 2 horas e 45 ou assim, e foi com intervalo de 15 minutos. Faltaram algumas coisas, principalmente músicas da primeira fase dele.

Maria disse...

Estava a dizer especificamente do Songs of Love And Hate

Francisco disse...

faltaram todas. mas pronto a "famouse blue raincoat", como referi, a "avalanche" e a "sing another song, boys". mas qualquer uma seria bem recebida.

Puntos de vista y ... nada más disse...

Foram quase tres horas. Eu não pensava que fosse assim. Muito para alguém de 73 anos. Seria impossível não deixar canções fora. The partisan, por exemplo. mas foi um concerto de 20 valores.