sexta-feira, junho 15, 2007

O meu dia

I'm lucky I can open the door and I can walk down the street
Unlucky I've got no place to go and so I follow my feet

Ando viciado em andar a pé. Não acho que seja muito normal mas é a verdade. Talvez seja pelas minhas tendências depressivas desde há uns tempos a esta parte, não sei. Vou para a faculdade a pé em vez de apanhar o metro e demoro o dobro do tempo. Dou voltas desnecessárias para não chegar ao meu destino tão rapidamente. Saio uma ou duas paragens do metro antes ou depois da minha para poder andar um bocado. E por aí fora. Porque é que me lembrei de dizer isto hoje? Porque hoje andei mais do que o costume. Comecei por ir de minha casa (entre o arreiro e as olaias) até à faculdade (Campo Grande) a pé. Nada de especial. Almocei para lá com um amigo meu e como ele ia apanhar o autocarro ao marquês e eu, supostamente, ia para casa, decidimos ir andando a pé até ele decidir entrar no metro ou até que os nossos caminhos se separassem. E lá fomos nós na amena cavaqueira, campo grande, entre campos, campo pequeno, saldanha e, finalmente, marquês. Uma boa conversa mas estava na altura de ir estudar, «mas para quê ir para casa? Vou experimentar ir estudar para um cafézinho a ver o que dá». Lembrei-me de um muito agradável em que estive há uma semana e meia atrás, nos restauradores. Apanhei o metro até à baixa-chiado, passei pela fnac e lá fui eu para o cafézinho. Pedi um bolo e um café (pensei em pedir meia de leite e um brioche mas esse era o conjunto número 2) e sentei-me a estudar durante uma hora. Fartei-me. Não me apetecia ir já para casa por isso decidi ficar mais um pouco a ler o livro do Paul Auster que estou a ler. E soube bastante bem, o livro é muito bom. Levantei-me e pensei: «para quê apanhar o metro no rossio? Já agora vou outra vez à fnac ver se chove por lá», e assim foi. Fiz uma pausa numa loja de ténis no rossio (ando à procura de uns ténis há imenso tempo mas não encontro em lado nenhum). À entrada da fnac, aqueles rapazes com os seus malabarismos a pedirem moedas, «nem que seja um cêntimo». Disse que não tinha. Em resposta recebi um merecido olhar de «Pois sim». Fiz uma nota mental para quando voltasse a passar por lá entregar uma moeda e dizer «Afinal tinha aqui esta esquecida» com um sorriso. (In)felizmente, à saida, estavam já a arrumar as tralhas e eu não disse nada (nota mental: da próxima vez que lá passar vou-lhes dar uma moeda). Fui apanhar o metro ao Rossio, andar nunca fez mal a ninguém. Como sempre, esqueci-me que apanhar o metro no Rossio tem o inconveniente de o metro já vir cheio das pessoas que entraram no chiado. Resultado: sardinha em lata. Do Rossio até Arroios não saiu ninguém pela porta onde eu estava, só entraram. Resultado: muitas sardinhas em lata. Decidi que aquilo era demasiado incomodativo, sai em Arroios. Mais uma vez, lá fui eu a andar até casa.
E pronto, foi este o meu dia.
Ps: Peço desculpa pela minha escrita pretensiosa mas, convenhamos, já é imagem de marca.

18 comentários:

Anónimo disse...

isto é que são vidas

Francisco disse...

ahahah, o que é que tem?

Anónimo disse...

Caro Francisco, o seu caso remete para um historial de influências freudianas.
Dizia Freud:
"Os sem esperança pelas estradas da cidade vagueiam, sem encontrarem um rumo ao certo. Uma volta circular e contínua, como no ventre materno em voltas de 360 graus. Vaguear não é mais que um desejo de voltar ao invólucro materno".

Francisco disse...

uau, um post meu a ser analisado por alguém que percebe alguma coisa.

muito obrigado, quem quer que sejas.

Anónimo disse...

Querido, a tua escrita não é nada pretensiosa. Tu é que és pretencioso.

Francisco disse...

ahahahahahah, isso é um bocado verdade, ainda que seja uma opinião estranha para quem não me conhece pessoalmente, querida.

o problema é que as pessoas me levam demasiado a sério, metade do que eu escrevo não é verdade e como escrevo não é como penso. isto é um blog, não é um diário.

o conteúdo essencial é verídico mas depois acabo por gozar um bocado com isto.

Anónimo disse...

ei, esse anónimo não é o anónimo do costume. esse anónimo escreveu "pretencioso". esse anónimo é parvo.

Francisco disse...

mas da primeira vez escreveu bem. tás a ver tou a defender-te, quem é o pretensioso agora?


ps: tou a brincar contigo, pá

Anónimo disse...

escreve bem e depois escreve mal. ainda é mais parvo. deve ter copiado aí como tu tinhas escrito e depois fugiram-lhe as teclas para o erro.
ei, não pode ser o anónimo da casa.
eu sei que não. por motivos alheios ao metro não posso revelar porque é que sei.
mas sei, a sério.

Francisco disse...

ahahahah, o estudo está a fazer-te mal à cabeça, sara. estás a ficar paranóica.

Anónimo disse...

deus é o ser maior do que o qual nada se pode pensar, já dizia o outro.

Anónimo disse...

Um conta na vida do molho_suave.

Diz-me, apareceu-te aquele DJ Pedinte, la no metro? Sei que é de natureza mázinha, mas da ultima vez que o vi lá nao consegui conter o riso (tavas la tu e o cesar tb).

Ainda por cima, estava uma mulher sentada a mexer a cabeça para cima e para baixa ao som do ritmo, ahahaha.

Anónimo disse...

o cego que diz asneiras e faz batidas fixes é enorme.

Francisco disse...

ahahahah, esse gajo... a caixinha dele está a ficar toda danificada e o som já não é o mesmo, é uma pena. e reparei nisto mesmo não tendo um bom ouvido para a música, ao contrário de outras pessoas...

Marvin disse...

Também já passei por essa fase do andar perdido a pé pela cidade.

Deixa estar que isso passa.

=)

Francisco disse...

hoje fiz outra, fui do marquês ao rossio e depois do rossio até casa (pelo marquês, saldanha, campo pequeno, casa).

sim, suponho que mais tarde ou mais cedo me vou fartar.

Anónimo disse...

obrigada, sara, por defenderes a anónima que é A anónima,
por saberes identificar, do pé prá mão,
o anonimato genuíno;
por seres, enfim, quem és. um bem haja.
e já agora, por quem sois?
acrescento também que
não há nada mais despretensioso
que auto intitular-se "pretensioso"
e que o anónimo que não é anónimo
está apaixonado pelo xipito.
sejam felizes, boa sorte, tudo de bom.

Francisco disse...

ahahahah, que belo comentário, Veni Vidi Vici, chegou, agradeceu, acusou e fez-se à vida. Mais nada. Gostava de ser assim "prá frentex".