quarta-feira, janeiro 14, 2009

António Variações

Quando nasci já ele tinha morrido há 3 anos. No entanto, tive a sorte de pertencer à geração que apanhou a edição da compilação "O melhor de António Variações" em '97. Tinha eu 10 anos. Lembro-me muito bem de dar o videoclip da "O Corpo é Que Paga" na televisão. Tive essa sorte. Lembro de muitas outras músicas passarem na rádio como a "É p'ra amanhã", a "Canção do engate" e a "Estou Além". Apesar de não as ouvir muito, quase que posso dizer que cresci a ouvi-las uma vez que, sem saber bem como, as conheço de uma ponta à outra. Mas agora parecem ser diferentes. São as mesmas músicas, claro, suponho que quem mudou fui eu.
Hoje, que andei com a compilação no Ipod, as que mais tocaram foram as acima referidas mas também a menos conhecida "Sempre Ausente". É quase impossível escolher a melhor mas talvez seja esta. «Lá vai o maluco / lá vai o demente / lá vai ele a passar / assim te chama toda essa gente / mas tu estás sempre ausente / e não te conseguem alcançar» A letra é fenomenal. Coisa que nunca perceberia com os meus inocentes 10 anos. Aquela mudança do 'tu' para 'eu' na última vez que o refrão é cantado, é um pormenor delicioso. Como se alguém ainda não tivesse percebido a quem é que ele se referia.

6 comentários:

Anónimo disse...

Morrissey ameaça deixar a música


Apesar de ter agendado para Fevereiro a edição do novo álbum «Years Of Refusal», Morrissey ameaça deixar a música em breve.
«Não quero continuar durante muito mais tempo», disse à Filter. «Penso que iria significar perda de imaginação e dignidade», acrescentou.

O disco tem lançamento marcado para 16 de Fevereiro. O novo single «I`m Throwing My Arms Around Paris» já pode ser escutado no MySpace.

Anónimo disse...

curioso, esse melhor do antonio variações também apareceu lá por casa, lembro-me de o ouvir vezes sem conta. e de vez em quando dá-me uma saudade...mas acho q o meu irmão emprestou-o a um colega que nunca chegou a devolver.

Anónimo disse...

Sinto também uma grande sorte com estas coisas da música, de ter nascido na época em que nasci.

Actualmente já não se dá valor mas eu assisti e cantei muitas vezes o "Atirei o pau ao gato". Lembro-me como se fosse hoje, gostava muito da canção e sei-a de cor (sempre a soube) mas só agora lhe dei mais atenção e compreendi o seu significado porque há agora um grupo de amigos que canta e alguns têm bigodes e eles fazem versões dessa música e da dominó e das músicas dessa época. Agora sim dou valor.

Reparem no significado que está na estrofe: "Atirei o pau ao gato/ Mas o gato não morreu/ Dona Chica assustou-se/ Com o berro que o gato deu"

Por um lado é de notar a agressividade implícita no sujeito poético: "atirei o pau ao gato"

E aqui dá-se a constatação da ideia de morte: "mas o gato não morreu". Aqui o sujeito poético ganha consciência de que a morte existe e de que atirando o pau ao gato o gato não morre necessariamente.

E agora é preciso reparar no mais importante: "Dona Chica assustou-se". Bem patente aqui as emoções das pessoas que convivem com o sujeito poético. O sujeito poético demonstra um conhecimento singular das emoções humanas. Notável.

Para terminar, "com o berro que o gato deu" realça o ecoar de uma voz distante pelo sofrimento atroz que é a vida.

Coisas que dantes eu não compreendia.

Anónimo disse...

Eu cá considero-me um privilegiado por ter presenciado momentos televisivos tão sublimes como as aberturas matinais da Sic em plena pré-adolescência.

http://www.youtube.com/watch?v=lF5gdh3kfe0

Era Outubro, despertei,
Era dia e gostei.
Olhando à volta, descobri:
a íris das mil cores,
mais mil amores
e 3 odores que nunca conheci.
Então gritei:
Aconteceu!
Aconteceu!

Os segredos que sabemos
e as palavras escondidas
são promessas transformadas
são desejos desvendados.

Não serei eu mas tu,
a tua força, o teu acordar
que vai dar lugar em fim
ao lembrar de todos nós.
Os segredos revelamos
e as imagens coloridas
sao realidades nossas
sao vitorias conseguidas

Nao serei eu mas tu,
a tua garra o teu despertar
que vai dar lugar em fim
ao lembrar de todos nós

Nao serei eu, nem tu
seremos nós
a sua televisao independente sic sic sic

Francisco disse...

É isso e o tempo em que te via cantar, caro alcides. Nunca mais me esqueço daquela mítica actuação na televisão nos idos anos de '93:

http://www.youtube.com/watch?v=G8dHhfBzyuc

Anónimo disse...

Grande canção, Alcides. De notar os versos: "Não serei eu mas tu/
A tua garra o teu despertar". Versos que remetem para uma convicção interna de grande valor por parte do sujeito poético. Notável.