domingo, julho 13, 2008

Strange Victory, Strange Defeat (3)

Hoje estou numa de música portuguesa. Já passei pelo Sérgio Godinho, pelo José Afonso e pelo José Mário Branco. Este último tem a fantástica e quase esquizofrénica "FMI" sobre o pós-25 de Abril "escrita, assim, de um só jorro numa noite de Fevereiro de 79". Acompanhem com a letra aqui, por exemplo. Aqui está a primeira parte da actuação ao vivo (só audio):



A segunda parte aqui.

No princípio parece estar decidido a fazer uma canção como outra qualquer, com estrutura poética. Depois desiste de ter versos e desata a pregar o que bem lhe apetece.
Critíca a passividade das pessoas: "Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, né? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, né filho? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente."
Essa passividade acaba por o irritar e aos 13 minutos começa a esquizofrenia e a revolta contra tudo o que correu mal. Diz, aos gritos, todos os palavrões possíveis: "Quero ser feliz porra, quero ser feliz agora, que se foda o futuro, que se foda o progresso, mais vale só do que mal acompanhado, vá mandem-me lavar as mãos antes de ir para a mesa, filhos da puta de progressistas do caralho da revolução que vos foda a todos!"
E depois acalma-se. E, claro, acaba por defender a revolução de Abril: "Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei. Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grandola Vila Morena. Diz lá, valeu a pena a travessia? Valeu pois."

6 comentários:

Anónimo disse...

Aaaah, o típico bigode português.

Sexy sexy.

Maria del Sol disse...

Por acaso também andei numa de José Mário Branco há pouco tempo, graças a uma pechincha que arranjei na Valentim de Carvalho: "Resitir é Vencer", um disco de 2004, a 2,99€. E um grande disco, diga-se. Além das letras brilhantes, os arranjos instrumentais também são mesmo muito bons, e abrangem estilos muito variados, da música de intervenção mais orgânica, só com viola, a peças com orquestra completa e grupo coral, passando por momentos de music-hall à americana. O homem é genial.

Já agora, que discos do Sérgio Godinho estiveste a ouvir?

Francisco disse...

Andei a ouvir o "ligação directa" (2006) e o "de pequenino se torce o destino" (1976). Depois também ouvi a música "2º andar direito" em repeat.

Anónimo disse...

e josé cid não há?

Anónimo disse...

e a guera colonial caralho?

Anónimo disse...

touché!