sexta-feira, setembro 07, 2007

Nota do autor: Este post tem uma metáfora futebolística. Poderia ter aprofundado mais a metáfora futebolística mas optei por não o fazer para que o post não perdesse carga emocional. Achei piada a escrever isto mas não deixei de estar na merda. E quero que isso passe para vocês leitores. E estou-me a cagar para a pessoalidade do post, os leitores, ou são pessoas que me conhecem pessoalmente muito bem, ou que nem conheço pessoalmente, não há pessoas que conheço pessoalmente mal, por isso, em qualquer dos casos, não fará grande diferença.


Há dias em que me sinto tão na merda que deixo de me sentir na merda e passo a sentir-me parte integrante da própria merda. Escusado será dizer que hoje é um desses dias.

Muitas vezes não são os problemas que nos fazem afocinhar na merda, quem normalmente dá a rasteira final, aquela que nos desequilibra, são as soluções que temos disponíveis para resolver esses problemas. Ou antes, a falta delas. O que é que se faz quando não queremos escolher nenhum dos caminhos que temos perante nós? E se, qualquer que seja aquele que escolhermos, perdemos? «What difference does it make which one I choose? Either way I lose.» diria a Nina Simone. E a verdade é esta. Às vezes saímos a perder quaisquer que sejam as nossas acções. Interessa perder por menos? No futebol à uma máxima que diz, quando uma equipa está a perder, «perdidos por um, perdidos por mil» para justificar o exagero da perseguição de, pelo menos, o empate. Mas será que isto se aplica na vida real? Será que vale a pena arriscar enterrarmo-nos mais na merda e lutar pela esperança de sairmos vitoriosos? Ou devemos, simplesmente, aceitar a nossa perda, por muito grande que ela nos possa parecer, e esperar que no próximo ‘jogo’ a sorte e a arte estejam do nosso lado? Será que possuímos uma equipa médica suficientemente boa que justifique a esperança que, quase certamente, nos levará a uma lesão ainda maior? Sim, porque neste jogo estamos a perder e lesionados.

Suponho que cada um de nós teria uma resposta diferente para uma mesma situação. Mas, haverá respostas mais correctas que outras? Mesmo que uma das respostas leve à vitória e a outra leve a uma derrota pesada e dolorosa, será que é mais correcta por isso? E se a resposta que nos levou à derrota foi a de lutarmos e a que nos levou à vitória foi a de partir para o próximo jogo (jogo esse que teríamos perdido a oportunidade de jogar se tivéssemos optado por prolongado o anterior)? E se mesmo que optemos por seguir para o próximo jogo estamos lesionados, do jogo anterior, e não o podemos jogar? E se a lesão for grave ou nos deixar com sequelas para a vida como o Mantorras? E é aí que voltamos à outra questão por mim colocada «Será que vale a pena arriscar enterrarmo-nos mais na merda e lutar pela esperança de sairmos vitoriosos?» Será que vale a pena agravar a lesão na procura da vitória? E assim passamos os dias entre as duas respostas possíveis e o medo de estar a agravar a lesão (que é impossível de avaliar no momento, ainda que nos pareça grave) que não espera pela nossa decisão. O problema é este. A dor não espera, corrói sem piedade.

Suponho que nestas situações ajude ser uma pessoa decidida. E isso, eu não sou. Suponho que nestas situações ajude ter confiança em nós próprios. E isso, eu não tenho. Suponho que nestas situações ajude ter alguma sorte. E essa, nem vê-la. Suponho, por fim, que nestas situações ajude ter um espírito calmo e constante. Mas eu sou influenciado por coisas tão pequenas… Então quando as pequenas coisas vêem do nosso ‘adversário’ deixam de ser pequenas e ganham uma nova dimensão. E se as pequenas coisas já me influenciam, as grandes, derrubam-me.

13 comentários:

Francisco disse...

se vocês soubessem o bem que me faz escrever isto...

Anónimo disse...

brilhante!

Francisco disse...

a sério? :)

Anónimo disse...

não

Anónimo disse...

sim! eu não o teria escrtio melhor! acho q so se compreende bem este post quem tiver numa situaçao assim.

Anónimo disse...

alto lá que esse anónimo não sou eu.
mania destes anónimos fazerem-se passar por anónimos.
terei de registar o anonimato?

obrigada pelo texto, xico.
vem mesmo a propósito, é de reler.
ou talvez venha sempre a propósito,
para muita gente, expressem-no ou não.

Francisco disse...

ah, esta é a anónima que eu conheço. Estava a estranhar o comentário, dava para ver que não eras tu.

Obrigado aos dois.

Anónimo disse...

aos 3

Francisco disse...

3? Não estão ali só dois anónimos?

Anónimo disse...

nao! sao tres anónimos! um engraçadinho qq q rspondem não, outro disse q era brilhante e outro q já é o habitual anónimo

Francisco disse...

que fixe, então obrigado aos dois que disseram bem e um muito obrigado ao que disse mal. Já agora explica porquê do não, anónimo 3?


Até domingo ou segunda, caros leitores, Santa Cruz espera por mim!

Anónimo disse...

ahahah, os anónimos à defesa! é mesmo à anónimo, uns cobardes mesquinhos! uns três estarolas!

essas idas a sta cruz e coisas do género têm-te clarificado as ideias, não é? depois quando vieres de lá escreve sobre...sei lá, um doce espcial aí da zona.

cláudia lomba disse...

Pode ou nao ter a ver com o post, mas estava a ouvir "Na Lama", dos Humanos e lembrei-me de ti. É o que dá este tipo de posts... :P