«Como nunca vieste, já não venhas.
O mais rico tesouro é o que se nega.
Ágil veleiro doutros mares, navega
Com as asas que tenhas!
Foge de ti, porque de mim fugiste.
Alarga a solidão que me consome.
E apaga na memória a praia triste
Onde eu pergunto às ondas o teu nome.»
Miguel Torga - Coimbra, 6 de Março de 1952.
«Agora que passou a inquietação
E sei que não vens,
Que aliviada solidão eu sinto!
Como um cadáver que se libertou
Das penas de viver,
Tenho nas veias um sossego frio.
É um repouso de pedra
Sem qualquer inscrição perturbadora.
Calma de hibernação
Nos ossos, no instinto e na razão,
E na própria vontade criadora.»
Miguel Torga - Coimbra, 20 de Julho de 1953
sexta-feira, outubro 19, 2007
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4 comentários:
muito muito fixe.
o miguel torga é tão bom e eu a ver que ninguém dizia nada...
acho que é por isso que não dizem nada.
deve ser isso, é :)
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