sexta-feira, julho 20, 2007

Poesia Pop - Leitores do blog. Leitores do blog - Poesia Pop

Para mim, há dois tipos de poesia: a poesia e a poesia pop. Eu sou mais adepto da poesia pop. Poesia usada em músicas pop. Muitas vezes poderá não ter o brilhantismo da poesia feita por poetas, é de mais fácil compreensão e é mais imediata, mas tem um je ne sai quoi. Salvos casos raros não há grandes interpretações a fazer e, muitas vezes, quando as há, é porque quem as escreveu não sabe escrever e não porque, propositadamente, esconde o verdadeiro significado das suas palavras. Das excepções destaco, claro, o Morrissey. Basta ver a forma como ele esconde a sua possivel homosexualidade na música Hand in Glove. Basta ver a forma como consegue, constantemente, servir-se do sarcasmo para fazer rir (ver Sweet and Tender Hooligan). Basta ver a crítica que faz à sociedade inglesa, nomeadamente, à família real (Queen is Dead) ou, por exemplo, ao metodo de educação britânica nas escolas (The Headmaster Ritual) e em casa (Barbarism Begins At Home). Basta ver como consegue que letras incrivelmente pessoais consigam, no entanto, soar verdadeiras a tanta gente. Mas dizia eu, então, que são raras as excepções em que a poesia pop pode ser considerada poesia clássica, por assim dizer. Um dos exemplos é o Morrissey, mas há mais. Stephen Merritt dos Magnetic Fields é, na minha opinião, um deles. Quem escreve versos como I live on the blue planet / that I saw in your eyes / but now I can't stay / knowing it's made / of beautiful lies se não é poeta então não sei o que é. O Leonard Cohen é outro, basta ver a música Avalanche. Se bem que o Leonard Cohen é um caso raro de um poeta (com livros publicados) que se virou para a música. Como último exemplo, temos o Kevin Barnes dos of Montreal que, não sendo tão bom quanto os outros, tem uma característica que o diferencia deles: cria personagens e fala sobre eles (agora, anda com letras mais pessoais também mas pronto). Têm, por exemplo, um álbum chamado Gay Parade (de alegre) em que todas as músicas falam sobre as pessoas que se encontram na dita manifestação. Temos, por exemplo, uma Fun Loving Nun, um Miniature Philosopher ou até um Advice From a Divorced Gentleman to His Bachelor Friend Considering Marriage.

No outro dia tava a falar com um amigo meu que dizia que relegava as letras das músicas para segundo plano, focando-se mais na composição. Eu sou o contrário, procuro na música palavras de consolo e conselhos que possa usar na minha vida.

É a isto que eu chamo Poesia Pop.

6 comentários:

Anónimo disse...

gay messiah, gay parade, homossexualidade do morrissey....

Anónimo disse...

escusado será dizer, ó antónio, que quem fala de homossexualidade para aqui e para ali não pode estar mais seguro de sua orientação sexual heterossexual, a dominante.
de tão óbvio, acho que não era preciso eu dizer isto, pois não?
já quem evita confrontar-se com o tema e aponta o dedo a outro...humm, escusado será dizer que está a esquivar-se duma incerteza sobre si mesmo que lhe povoa o inconsssiente.
mas isto já vocês sabem, não já?

Já agora, que é feito da doutora teresa?

Francisco disse...

ahahahahahah

pois, também não sei, desistiu do blog.

cláudia lomba disse...

poesia pop, um termo apropriado. hei-de referir-me ao termo, com direitos de autor.

a letra das músicas é essencial. há uns meses que estou presa ao boxer, e não é de certeza só por causa das melodias. esse matt berninger é outro..

Francisco disse...

sim, pois é, o boxer é um album mesmo bom. O melhor deste ano, para mim.

Tiago Ramos disse...

Eu concordo plenamente com a tua opinião, gostei do termo poesia pop e também dou importância primária à letra. Por vezes não gosto de determinadas composições e a letra é excelente.