Post Scriptum: Iniciei o post sem saber o que ia escrever e acabei por me alargar na dissertação, ainda assim, gostava muito que lessem e que tirem prazer disso. Gostava também que toda a gente que ler comentasse. É bastante pessoal, diga-se. É nesse sentido que o blog tem evoluído, penso que seja porque falar sobre nós é sempre mais fácil e cada vez mais me apetece escrever e não dizer só disparates. Se não o quiserem ler, leiam só o último parágrafo mas devo confessar que é dos textos que mais prazer me deu escrever. E dos mais pessoais, também.
De há uns tempos para cá que vivo com medo do futuro. Um aperto no coração, por assim dizer. Já referi anteriormente que não queria que o verão chegasse e, agora que ele chegou, tenho ainda mais a certeza disso. Vivo com medo do futuro, que grande verdade. De um futuro próximo, não do futuro daqui a 5 anos porque com esse tenho eu tempo para me preocupar. Suponho que só tem medo do futuro quem tem planos para este. Quem não tem qualquer objectivos para o seu futuro, nada espera dele, logo não tem medo que os seus objectivos não se concretizem. Sim, acho que é verdade. Mas também, será possível não ter esperança em nada? Acho que não. Pelo menos, não ter esperança em nada por um longo período de tempo. Dizia eu, então, que estou com medo do futuro, nomeadamente do verão. As razões são simples, o verão sempre foi uma altura um pouco solitária para mim e, agravado com o facto de já ter este sentimento de solidão à partida, este verão de 2007 assusta-me. Acho que o que me preocupa mais é o tempo que vou ter para pensar nas coisas que me deprimem. Se em tempo de aulas não tinha tanto tempo e andava de trombas inúmeras vezes, o que esperar agora? Julgo que a conclusão é clara. A palavra trombas não será a melhor para me definir. Deixem-me pensar. Sim, ausente, é isso. Ando ausente. Se o cérebro trabalhar a dois níveis, digamos assim, interajo com as pessoas pelo segundo, sendo que, o primeiro, está a pensar noutras coisas. Em grupos, deixo as pessoas a falar enquanto penso nas minhas coisas. A verdade é que a maior parte das conversas nem me interessam por isso acabo por não perder grande coisa. O Oscar Wilde dizia «It is absurd to divide people into good and bad. People are either charming or tedious.» E eu concordo. Contam-se pelos dedos das mãos as pessoas que considero serem interessantes. Todas as outras até podem ser aceitáveis (é uma palavra bastante feia neste sentido) quando em grupos mas basta passarmos breves minutos sozinhos com elas para rapidamente percebermos que nada temos em comum. A maior parte das vezes, estas são pessoas que vemos quase todos os dias. E isso é triste. Quando somos crianças qualquer outra criança pode ser nossa amiga desde que goste de brincar à apanhada ou às escondidas. Depois, vamos crescendo e tornamo-nos cada vez mais exigentes quanto às pessoas com quem estamos. E, se esse crescimento for acelerado, o choque de nos apercebermos que gostaríamos de ter outras pessoas é maior. Pessoas que tenham mais a ver connosco. No caso de pessoas que já conhecemos há anos não há tanto esse problema, crescemos juntos, há sempre coisas que nos unem. Se não outra coisa, há história. Mas, se depois do tal crescimento, olharmos para as pessoas que conhecemos há pouco tempo, percebemos que não nos interessam tanto como deviam. Felizmente, há sempre excepções para confirmar a regra. Escusado será dizer que sinto que foi isto que me aconteceu: cresci demasiado rápido. E isso trouxe-me alguma infelicidade:
Further into the fog I fall
Well, I was just
Following you!
When you said :
"Do as I do and scrap your fey ways"
(Dial-A-Cliché)
"Grow up, be a man, and close your mealy-mouth!"
(Dial-A-Cliché)
Dial-A-Cliché
Dial-A-Cliché
But the person underneath
Where does he go?
Does he slide by the wayside?
Or ... does he just die?
And you find that you've organised
Your feelings, for people
Who didn't like you then
And do not like you now
But still you say:
"Do as I do and scrap your fey ways"
(Dial-A-Cliché)
"Grow up, be a man, and close your mealy-mouth!"
(Dial-A-Cliché)
"The Safe way is the only way!
There's always time to change, son !"
I've changed
But I'm in pain!
Dial-A-Cliché
Ponho esta música não por me identificar inteiramente com ela mas por levantar alguns aspectos interessantes. Parece-me que a música é sobre alguém que mudou por causa de outra pessoa. Queria ser mais interessante aos olhos dessa pessoa. Naturalmente isso não serviu de nada: «And you find that you've organised / Your feelings, for people / Who didn't like you then / And do not like you now» e por isso: «I've changed / But I'm in pain». Felizmente, não mudei por ninguém. Isso parece-me um grande erro. Mas aquele «inteiramente» deixa-vos a pensar, não é? Acho que a diferença entre mim e o sujeito poético é que não mudei por causa de uma pessoa mas com uma pessoa. Mais uma vez, diria o Morrissey: «such a little thing makes such a big difference». Se não faz sentido mudarmos por uma pessoa, faz todo o sentido mudarmos ao aprendermos com outras pessoas e agradecer-lhes por isso.
Já passa da meia-noite (ainda que apareça datado de sábado) e eu já escrevi muito. Têm tempo de ler, só devo voltar dia 31 deste mês. Por isso, bom início de férias para aqueles que as vão ter e boa continuação de trabalho para os outros.