sexta-feira, outubro 27, 2006

Muse @ Campo Pequeno


À entrada não sabia bem o que esperar do espaço (só lá tinha entrado quando era puto para ver circo), pensei que fosse enorme, mas as aparências enganam (tanto enganam que pela imagem aquilo parece quase o Pavilhão Atlântico). O que de fora parece um espaço enorme é, na verdade, pequeno, pelo menos em relação ao que eu imaginava. E isso agradou-me.
A primeira parte estava a cargo de uma banda chamada Poet in Process. Muito mazinha diga-se. A vocalista parecia que tinha andado a ver concertos dos Yeah Yeah Yeahs a mais. O guitarrista era simplesmente patético. A música era uma, digamos, merda. Com tantas boas bandas que não se importavam de abrir os concertos de Muse a escolha não me pareceu a melhor.

Oferecem-me uma passa num charro.

Em relação ao concerto propriamente dito, tenho a dizer que gostei. Nunca fui grande fan de muse, na verdade nunca os ouvi com grande atenção, mas a minha curiosidade em relação a como seria vê-los ao vivo levou-me até ao Campo Pequeno nesse dia. A verdade é que fiquei com a sensação de que teria sido melhor se tivesse ido para a bancada isto porque, na plateia, as pessoas gostam muito de saltar e de empurrar e isso é uma das coisas que mais me faz confusão nos concertos deste tipo. Quando toda a gente à tua volta está a saltar és obrigado a saltar nem que seja por uma questão de conforto (experimentem estar rodeados de pessoas coladas a vocês que estão a saltar e vejam se não se sentem melhor a saltar também). A verdade é que, em 99% das vezes que as pessoas saltam, o saltar não acompanha minimamente o ritmo do que está a ser tocado. O que também não acompanha minimamente o ritmo das músicas são as palmas (novamente em 99% dos casos), o eterno problema de nós portugueses. As pessoas têm a necessidade de estar sempre a fazer qualquer coisa e sempre que há uma parte da música mais calma, como as pessoas não podem saltar, começam a tentar acompanhar com palmas. Escusado será dizer que soa pessimamente. Mas há pior, durante um destes momentos em que "não dá jeito saltar" ouvi uma das melhores frases que alguma vez ouvi num concerto: "Posso-te fazer cócegas?". Enfim só isto valeu a pena o dinheiro que paguei para lá estar. E depois há ainda os assobios, esses nem percebo a intenção (ainda que no concerto de Belle & Sebastian, o público fez uma melodia em coro de assobios a pedido do vocalista que mereceu um grande elogio do próprio). A verdade é que ninguém compreende que o silêncio é, na maior parte das vezes, a melhor solução. Mas pronto, tirando estes pormenores que eu gosto sempre de comentar, o concerto foi muito bom, ainda que tenha achado que eles tenham estado muito fortes no início e só na parte final voltaram a atingir esse nível. É também verdade que eles são bastante bons ao vivo, que o Matthew Bellamy é bastante bom músico e que aquelas luzes todas dão um efeito interessante.

Set list:

Take A Bow
Hysteria
Map Of The Problematique
Butterflies & Hurricanes
New Born
City Of Delusion
Plug In Baby
Forced In
Bliss
Apocalypse Please
Hoodoo
Invincible
Supermassive Black Hole
Starlight
Time Is Running Out
Stockholm Syndrome

Citizen Erased
Muscle Museum
I Want To Break Free
Knights Of Cydonia

sábado, outubro 21, 2006

Elliott Smith (06.08.69 - 21.10.03)

(Ok, está mal feito, mas o que conta é a intenção. Isto é a capa de um cd de tributo ao Elliott Smith, no original diz "From: Portland")

Everybody knows
You only live a day
But it's brilliant anyway
Faz hoje 3 anos (é estranho pensar que foi há tão pouco tempo) que este senhor se suicidou com uma facada no peito. Penso que, sendo este um pormenor sem grande importância, serve, pelo menos, para perceber o quanto ele sofria. E esse sofrimento é facilmente "ouvivel" na sua voz em todas as suas canções. Será esta voz sofrida o que faz dele um artista único? Provavelmente. Até hoje não ouvi nenhum cantor que transparecesse tanto sofrimento na voz como ele. Não quero com isto dizer que ele sofria mais que os outros, estas coisa não são quantificáveis, mas dá pelo menos para perceber que as suas letras são realmente sentidas, uma voz daquelas não pode ser se verdadeira.

Deixou 5 álbuns feitos, dos quais conheço bem 3 deles: Roman Candle, Either/Or e XO, cada um melhor que o anterior (não levar isto à letra, porque gosto de todos igualmente), e, um ano depois da sua morte, foi editado o álbum From a Basement on the Hill tão bom, ou melhor, que qualquer um dos outros previamente lançados. Apesar de todos estes grandes álbuns, que eu aproveito para aconselhar a ouvirem, o ponto alto da sua carreira como músico terá sido a sua inesperada nomeação para o óscar de melhor canção (ou diz-se melhor música?) pela música Miss Misery. Infelizmente, o Óscar foi para a Celine Dion com aquela música do Titanic, talvez por ser claramente um "outsider" naquele ambiente.

"Although he did not win, Smith performed the song live at the televised Oscar broadcast, appearing on-stage alongside superstars Trisha Yearwood and eventual award-winner Celine Dion in one of the most notably surreal musical moments in recent memory." in All Music

quinta-feira, outubro 19, 2006

segunda-feira, outubro 16, 2006

Final Fantasy @ Club Lua

Há pouco mais de um ano fui ao Lux ver Andrew Bird. Saí de lá impressionadíssimo era a primeira vez um músico que gravava aquilo que tocava, reproduzia aquilo que tinha acabado de gravar e tocava por cima. Achei aquilo fantástico, nunca tinha visto nada assim na minha vida, não sabia sequer que havia quem fizesse isso. O mesmo não aconteceu no domingo, em que sabia perfeitamente que isso iria acontecer, mas mesmo consegui sair de lá impressionado. Isto porque, o rapazinho Owen Pallett, é um génio a tocar violino. Ele toca violino como ninguém, ok, faz lembrar o Andrew Bird também nesse aspecto mas este consegue ser ainda melhor que o sr. Pássaro. Mas aquilo que acabou por fazer a diferença, num concerto que podia ser em tudo igual ao do Andrew Bird, foi o facto de ele ter uma assistente que passava acetatos. Ok, isto assim parece estúpido mas acreditem que a história que os acetatos contavam, juntamente com a música que saía daquele violino e a voz que saía da boca do senhor, criam o ambiente perfeito, de uma harmonia perfeita. Acho que nunca mais na minha vida vou ver um concerto em que passem acetatos, pelo menos por isso, e não foi só por isso, vai ficar-me gravado na memória por muito, muito tempo. Ainda assim, achei que ele podia ter interagido mais com o público, já que eramos tão poucos, mas isso já tem haver com o tipo de pessoa que cada um é. E claro, há a eterna questão de estar sentado. Eu sempre fui um defensor que 99% dos concertos deviam ser vistos sentados, e este era um desses 99%, mas não se pode ter tudo e eu já estou cansado de me queixar desse pormenor. Resumindo e concluindo, foi um grande concerto.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Ida ao Centro de Saúde - Parte 2 - A consulta

- A que horas devo estar cá? À uma?
- Sim, nunca antes da uma.

Esta foi a ultima coisa que perguntei da parte da manhã. Ao dizer "nunca antes da uma" eu pensei que a recepcionista queria dizer entre a 1 e a 1 e meia, vá. Mas parece que o que ela quis dizer foi "às 2 e meia será atendido". Tinha uma aula na faculdade até à 1, ingénuo como eu sou pensei: "É melhor sair mais cedo para não chegar atrasado" (bom, o sair um pouco mais cedo da aula também não foi mau de todo). Cheguei à 1 e 5 ou 1 e 10 ao Centro de Saúde e sentei-me à espera da minha vez. Vi algumas das pessoas que comigo se tinham aventurado na fila de espera da parte da manhã. Uma delas estava inclusive sentada à minha frente. A médica era mesma, mas para azar dela eu era a pessoa que se encontrava antes dela na ordem de entrada. A senhora passou, pelo menos, 30 minutos (não quero parecer exagerado mas estou em querer que foram uns 45 minutos) a ver aquela revista do D-Mail, que qualquer pessoa normal folheia em 5 minutos só para ver "o que é que eles se lembraram de fazer desta vez", o que é certo é que lhe serviu para se entreter enquanto resmungava que era uma vergonha o tempo que estava a demorar a ser atendida. Depois de me chamarem tive uma consulta de, nada mais nada menos que, 5 minutos.

Ida ao Centro de Saúde - Parte 1 - Marcação da consulta

Não sei se vocês estão ambientados com os Centro de Saúde deste nosso Portugal, mas devo vos dizer que se não estão deviam estar. Hoje fui pela segunda vez na minha vida a um. Como tinha urgência na consulta (Não, não estou doente, quero apenas um atestado médico. Infelizmente, dirão alguns.) levantei-me às 6.15 da manhã para ir para a fila que, segundo ouvi dizer, já se formava desde as 5.30. Ao chegar ao local deparo-me com uma fila já bem constituída, mas não desespero. Coloco-me calmamente na fila e é então que percebo que estar ali na fila não é só estar ali na fila. Assim que uma pessoa se encontra na fila sente que foi transportada para outra dimensão, uma dimensão em que toda a gente conhece toda a gente ou quem inicialmente não conhece ninguém rapidamente contacta com os demais. Ainda assim uma coisa mantém-se intocável em relação à realidade, eu sou um "outsider". Nunca lá tinha ido, o que me deixa inevitavelmente em desvantagem. Por entre os habituais "Então e o seu marido tá melhor?", "Por cá outra vez?" e "E a sua perna está melhorzinha?", encontro-me eu, sem grandes hipóteses de entrar na conversa. Mas essa não é a minha única desvantagem. Eu não sofro de qualquer doença nem tenho qualquer dor o que, convenhamos, não facilita nada as coisas. Mas há mais, a minha médica de família parece ter ficado com as famílias saudáveis pois ninguém à minha volta, segundo me pareceu, visto que eu não tive oportunidade de entrar nas conversas dos meus companheiros, tem a Dr. Conceição Travassos como médica. Mesmo quando passava alguém por toda a fila para saber quantas pessoas havia para determinada médica e se valia a pena ainda entrar na fila, eu não tinha sorte. Por todas estas razões os 45 minutos que demorou a espera que o Centro abrisse foram solitários e introspectivos. Assim que o centro abre as portas, as "amizades" recentemente feitas perdem toda a importância: "Você tava atrás de mim.", "O meu neto tava aqui no meu lugar por isso eu sou aqui.", "Eu tava atrás desta senhora, tenho a certeza!". Assim que entro no edifício torna-se claro que as pessoas mais debilitadas encontram-se em desvantagem pois a fila para ir de elevador é enorme, não fosse aquilo um Centro de Saúde. Com toda a razão diga-se, este é motivo de irritação por parte de muitas das pessoas incapacitadas de ir de escadas. Mas há quem se pense mais inteligente que os outros (e de certa forma até é) e decida subir até ao 1º andar para lá apanhar o tão concorrido elevador, mas que, mesmo assim, não abdica de se queixar "Se não conseguir consulta vão ter muito que me ouvir porque isto não...", continuo-o a subir. Uma vez na sala de espera, nova confusão se instala quando uma pessoa tira duas senhas e, em vez de ficar com as duas, decide dar essa senha à pessoa que tem atrás. Ora, a pessoa de trás já tinha uma senha própria. E mais não preciso dizer. Começam a chamar as pessoas para os médicos daquele andar. A principio ainda se discutem posições na fila mas, assim que todas as questões estão esclarecidas, apenas o "burburinho" das pessoas a discutirem razões para ali estarem permanece. Finalmente, os pacientes para a minha médica são chamados. Até aqui nada de mal. Até que, a 2ª recepcionista decide chamar as pessoas para a Dra. Cristina qualquer coisa. É então que se torna evidente que as senhas de nada servem pois as pessoas sabem perfeitamente qual o lugar que querem. A confusão é de novo imperatriz. Ao ponto de um paciente mandar uns "xiu" para o ar e um "Calem-se! Vêm para aqui porque estão doentes mas fazem esta barulheira toda.". E mais não vi nem ouvi pois a minha consulta está já marcada para daqui a umas horas.

domingo, outubro 08, 2006

E dentro de uma semana estarei por aqui

Nuno Prata @ Fnac


O Nuno Prata lançou recente o seu primeiro álbum a solo (Foi anteriormente baixista dos Ornatos Violeta) chamado "Todos os dias fossem estes/outros" e foi à fnac para "a apresentação do dito cujo". (Poderia escrever isto de uma forma bem mais bonita mas, fingindo que estou a tentar escrever bem e fazendo um disparate destes, acabo por fazer um pequeno apontamento humorístico. Habituem-se.) Deu um concerto de aproximadamente uma hora (nada mau) o que acaba por ser quase o álbum todo. Gostei principalmente das músicas em que ele toca baixo, acho que têm outra graça De músicas com guitarrinhas e gajos a cantar está o mundo cheio, músicas com apenas um baixo e uma bateria é que já não é bem assim.

Como se calhar alguns de vocês sabem eu gosto de dizer mal. E os concertos são uma fonte de inspiração para tal. (Como se o dia-a-dia não proporcionasse já de si muito material.) Mas é que havia lá uma rapariga (com o seu grupinho) que me estava a irritar. Devia achar que era a maior fan de Nuno Prata (E se calhar até era, eu não era de certeza.) e tentava desesperadamente passar essa imagem. Sempre que se batiam palmas lá estava ela a bater palmas de uma forma despropositada (Muito eufórica) e chegou a fazer a "brincadeira" de ser a última pessoa a bater palmas, que giro. É certo que eu tenho uma paranóia com as palmas mas qualquer pessoa via que aquilo era despropositado. E depois não parava quieta, provavelmente para chamar a atenção do Nuno Prata que se manteve heroicamente a olhar para a frente o concerto todo.

Polémicas à parte, músicas como "Alegremente cantando e rindo vamos", " Guarda bem o teu tesouro", "Não, eu não sou um fantasma" e "Esse não" valem realmente a pena. Mas há mais.

A vida dos outros está de volta

Infelizmente é verdade.

Alguns pontos:

1- Apaguei o blog e criei-o de novo, ou seja, todos os posts que tinha foram ao ar, o que é um peso que tiro das costas pois alguns eram muito parvos e embaraçosos.

2- Decidi manter o nome do blog por uma questão de links que ainda permanecem noutros blogs. (Blog, para ser mais perciso, o "Minimalismo Exacerbado", que por isso merece uma salva de palmas. Palminhas! Vamos lá! Por outro lado vamos apupar o blog do JM, nem vou por o link, que mal viu que o "A vida dos outros" tinha acabado retirou o blog dos seus links sem dó nem piedade. Uh!) Mentira, achei que o nome continua a fazer sentido.

3- Posso não postar regularmente. Tou-me a cagar. Vou postar quando achar que o que eu vou dizer vale a pena e não postar só por postar, como chegou a acontecer anteriormente. Pois é, meus caros, foram enganados.

4- O blog vai voltar a ser sobre o que me apetecer e não necessariamente apenas sobre música, como era quando acabou no princípio de Setembro. Não faz sentido fingir que percebo muito de música, não percebo, por isso não posso/devo especificar-me apenas nesse tema.

5- Não há ponto 5 mas 5 são sempre melhor que 4.

Espero recuperar a assiduidade dos meus antigos leitores (Isto era uma piada. É subtil, eu sei.) e angariar ainda mais para a causa. ("Qual causa?" pergunta o estimado leitor, a verdade é que não há nenhuma mas se houvesse seria das boas.)